Quando pequeno, fui educado por um santo pastor que era pré-milenista e eu não consegui entender bem as posições dele nessa área, por achá-lo muito fantasioso, muito embora amasse ouvi-lo pregar. Depois que amadureci, defini-me como amilenista, porém qual é realmente a posição bíblica?
Diz Elias medeiros: "….Nós, cremos que a Bíblia responde às questões básicas levantadas em todas as épocas e em todos os lugares. Entretanto, a questão que está sempre presente na mente e no coração de todos os seres humanos é a questão relacionada com o futuro. "O passado a gente conta, o presente a gente curte, e o futuro a gente tenta adivinhar". Esta parece ser a filosofia da maioria das pessoas e de várias religiões…"
Ele faz então um balanço sobre uma linha imaginária, traçada por toda a história da igreja, antevendo assim, como pensava escatologicamente a igreja: "…Historicamente falando, a igreja protestante tem passado por épocas nas quais pode-se detectar a falta de um balanço escatológico. Algumas vezes, a igreja se mostrava tão apegada ao presente, que dava pouca atenção ao futuro. Outras, a igreja se apegava tanto ao passado, que chegava a esquecer de sua relevância para o presente e de seu destino futuro…"
Continua ele ainda falando sobre essas nuances eclesiásticas e temporais do pensamento escatológico: "…A história da escatologia cristã em geral reflete essa batalha entre o passado, o presente e o futuro. Vários teólogos evangélicos protestantes têm escrito sobre o assunto. A história da igreja tem revelado que, durante os primeiros cinco séculos, os cristãos não se preocupavam muito em desenvolver uma doutrina escatológica. É bom ressaltar, entretanto, que a ausência de um dogma sistematicamente formulado nunca significou a ausência de crenças e esperanças escatológicas. Pelo contrário, durante os primeiros cinco séculos os cristãos criam na vida após a morte, na segunda vinda do Senhor Jesus, na ressurreição dos mortos, no julgamento final, em tribulações e na criação de um novo céu e de uma nova terra. Mas a escatologia, como doutrina sistematizada, tal qual nós a temos hoje, não foi desenvolvida durante aquele período. Basta lermos o credo apostólico para percebermos essas crenças, porém sem um desenvolvimento cronológico ou sistemático da doutrina…"
Mesmo durante a Idade Média, até o início da Reforma Protestante, os cristãos daquela época também criam nesses ensinos, mas havia "pouca reflexão sobre a maneira pela qual" os fatos se desenvolveriam, especialmente sobre o aspecto cronológico da escatologia bíblica. O que não deixa muito a desejar às escolas de hoje, visto que um dos pomos de discórdia é justamente esse: A falta de sincronia no ordem dos acontecimentos.
"…Já os reformadores protestantes sem dúvida refletiram mais sobre a questão escatológica. Em parte, foram motivados pela disputa teológica com a Igreja Católica, que ensinava o purgatório, por exemplo. Os teólogos reformados, portanto, fizeram muita ligação entre a escatologia, a soteriologia (a glorificação dos salvos) e a eclesiologia (a igreja triunfante etc)…" Acrescenta Medeiros.
Na atualidade, o racionalismo, o evolucionismo, o existencialismo, juntamente com o liberalismo teológico, provocaram uma reflexão mais profunda por parte dos protestantes ortodoxos, já que todos aqueles ismos atacavam todo tipo de ensino sobre a certeza de alguma realidade futura. Berkhof e outros protestantes reformados reconheciam que o liberalismo teológico ignorava totalmente os ensinos escatológicos do próprio Jesus Cristo, colocando toda a ênfase simplesmente nos preceitos éticos do Senhor. O racionalismo, o evolucionismo e o existencialismo filosófico, por sua vez, desconsideram qualquer ensino escatológico: na melhor das hipóteses, a escatologia bíblica não passa de uma utopia mitológica. Para alguns esse pensar escatológico é um ópio alienante, que faz com que o crente, desprenda-se de seus problemas e dos problemas sociais humanos e pense apenas no Celeste Porvir, o que lhe ajuda a não tentar mudar nada, visto que breve Jesus virá!
Os protestantes evangélicos, entretanto, baseados no ensino da Palavra de Deus, crêem na vida após a morte, na segunda vinda do Senhor Jesus, na ressurreição dos mortos, no julgamento final, na criação de um novo céu e de uma nova terra. Em outras palavras, os protestantes conservam as mesmas crenças que os demais cristãos que aceitam as Escrituras Sagradas como única e última regra infalível de fé e prática. Mas o fato de crerem nessas doutrinas não significa que todos os protestantes as aceitem do mesmo modo, em relação à forma como elas se cumprirão. Assim, há uma variada divergência hermenêutica no meio protestante, com pelo menos três escolas de interpretação: aminelista, pós-milenista e pré-milenista.
Continua Medeiros: "…Os amilenistas como L.Berkhof, O.T. Allis, G.C. Berkhouwer e outros crêem que as Escrituras Sagradas não fazem nenhuma distinção cronológica entre a segunda vinda de Cristo, o arrebatamento da igreja, e a participação do crente no novo céu e na nova terra. Para os amilenistas haverá apenas uma ressurreição geral dos crentes e dos incrédulos, a qual ocorrerá durante a segunda vinda de Cristo. O julgamento final será para todos os povos. A tribulação é algo que experimentamos na presente era. O milênio referido nas Escrituras (Apocalipse 20) não significa um milênio literal, pois o reino de Deus, inaugurado visivelmente com a primeira vinda do Senhor Jesus, continua espiritualmente presente, embora invisível (invisibilidade não é sinônimo de inexistência), e será consumado com a segunda vinda visível do Rei da Glória. Entramos neste reino pela fé (João 3). Para os amilenistas as Escrituras não fazem distinção entre a igreja no Velho Testamento (Israel) e a igreja do Novo Testamento ("o novo Israel", composta de circuncisos e incircuncisos)…"
Define ele ainda: "… Os pós-milenistas, como Charles Hodge, B.B. Warfield, W.G.T. Shedd, e A.H. Strong, crêem que a segunda vinda de Cristo ocorrerá após o milênio (não literal). A era presente se misturará com o milênio de acordo com o progresso do evangelho no mundo. Em geral, os pós-milenistas assumem a mesma postura amilenista com relação ao ensino da ressurreição, do julgamento final, da tribulação e da posição sobre Israel e igreja…"
Continua em suas definições:"…Os pré-milenistas se dividem em dois grupos principais: os pré-milenistas históricos (como G.E.Ladd, A.Reese e M.J.Erickson) e os pré-milenistas dispensacionalistas (como L.S. Chafer, J.D. Pentecost, C.C. Ryrie, J.F. Walvoord e Scofield).
"Os pré-milenistas históricos crêem que a segunda vinda de Cristo para reinar nesta terra e o arrebatamento da igreja acontecerão simultaneamente; haverá a ressurreição dos salvos no início do milênio (a primeira ressurreição) e a ressurreição dos incrédulos no final do milênio. O milênio, entretanto, na posição pré-milenista histórica, é tanto presente como futuro. No presente, Cristo reina nos céus. No futuro, Cristo reinará na terra, embora os pré-milenistas históricos em geral não considerem o período da tribulação e façam uma certa distinção entre Israel e igreja (o Israel espiritual).
Os pré-milenistas dispensacionalistas ensinam que a segunda vinda do Senhor Jesus acontecerá em duas fases: na primeira, o Senhor Jesus se encontrará com a igreja nos ares, levará os salvos para participar das bodas do Cordeiro nas regiões celestiais; e, após sete anos de tribulação na terra sem a presença da igreja, regressará com ela para reinar neste mundo por mil anos. Eles fazem uma distinção entre a ressurreição para a igreja, na ocasião do arrebatamento, a ressurreição para aqueles que virão a crer durante a tribulação de sete anos (ressurreição esta que ocorrerá na segunda vinda do Senhor, no final da tribulação) e a ressurreição dos incrédulos no final do milênio.
Os pré-milenistas dispensacionalistas fazem, também, uma distinção entre o julgamento dos crentes após o arrebatamento, o julgamento de judeus e gentios convertidos no final da tribulação de sete anos e o julgamento dos incrédulos no final do milênio. Sem dúvida, para os membros desta escola de interpretação, os sete anos de tribulação será literal, mas a igreja neo-testamentária será arrebatada antes dessa tribulação. O milênio será inaugurado e estabelecido com a segunda vinda do Senhor Jesus, após a tribulação e durará, literalmente, 1.000 anos. Sem dúvida, esta posição distingue completamente Israel e igreja…"
De todas essas perspectivas protestantes, a meu ver, a que mais se coaduna com a exegese bíblica é a posição amilenista. O Pré-milenismo, se parece muito com os roteiros Hollywoodianos, muitos fantasiosos. Pessoalmente creio que esta posição é a mais condizente com o ensino dos profetas, do Senhor Jesus e dos apóstolos, tanto hermenêutica quanto exegeticamente falando (Mateus 24-25).
Se o leitor estudar com mais afinco essas posições escatológicas, poderá perceber suas implicações imediatas no que tange à evangelização mundial e ao envolvimento da igreja nas questões sociais e políticas de nossa era. A posição escatológica mais fraca, em termos hermenêuticos e exegéticos, é a posição pré-milenista, devido à sua grade cronológica pré-estabelecida. Os pré-milenistas, em geral, começam com um quadro cronológico pré-estabelecido e passam a fazer uma "cirurgia textual" nas Escrituras, de acordo com o quadro já pré-desenhado por eles.
Falou e disse reverendo.
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P.S.: Encontrei este texto que eu nem lembrava de ter comentado num site na web, ainda que tenha mudado minha linha de raciocínio desde então, resolvi preservá-lo, por uma questão de honestidade. A data da concepção deste texto deve ter sido em algum mês do ano de 2002 ou 2003!
Os protestantes evangélicos, entretanto, baseados no ensino da Palavra de Deus, crêem na vida após a morte, na segunda vinda do Senhor Jesus, na ressurreição dos mortos, no julgamento final, na criação de um novo céu e de uma nova terra. Em outras palavras, os protestantes conservam as mesmas crenças que os demais cristãos que aceitam as Escrituras Sagradas como única e última regra infalível de fé e prática. Mas o fato de crerem nessas doutrinas não significa que todos os protestantes as aceitem do mesmo modo, em relação à forma como elas se cumprirão. Assim, há uma variada divergência hermenêutica no meio protestante, com pelo menos três escolas de interpretação: aminelista, pós-milenista e pré-milenista.
Continua Medeiros: "…Os amilenistas como L.Berkhof, O.T. Allis, G.C. Berkhouwer e outros crêem que as Escrituras Sagradas não fazem nenhuma distinção cronológica entre a segunda vinda de Cristo, o arrebatamento da igreja, e a participação do crente no novo céu e na nova terra. Para os amilenistas haverá apenas uma ressurreição geral dos crentes e dos incrédulos, a qual ocorrerá durante a segunda vinda de Cristo. O julgamento final será para todos os povos. A tribulação é algo que experimentamos na presente era. O milênio referido nas Escrituras (Apocalipse 20) não significa um milênio literal, pois o reino de Deus, inaugurado visivelmente com a primeira vinda do Senhor Jesus, continua espiritualmente presente, embora invisível (invisibilidade não é sinônimo de inexistência), e será consumado com a segunda vinda visível do Rei da Glória. Entramos neste reino pela fé (João 3). Para os amilenistas as Escrituras não fazem distinção entre a igreja no Velho Testamento (Israel) e a igreja do Novo Testamento ("o novo Israel", composta de circuncisos e incircuncisos)…"
Define ele ainda: "… Os pós-milenistas, como Charles Hodge, B.B. Warfield, W.G.T. Shedd, e A.H. Strong, crêem que a segunda vinda de Cristo ocorrerá após o milênio (não literal). A era presente se misturará com o milênio de acordo com o progresso do evangelho no mundo. Em geral, os pós-milenistas assumem a mesma postura amilenista com relação ao ensino da ressurreição, do julgamento final, da tribulação e da posição sobre Israel e igreja…"
Continua em suas definições:"…Os pré-milenistas se dividem em dois grupos principais: os pré-milenistas históricos (como G.E.Ladd, A.Reese e M.J.Erickson) e os pré-milenistas dispensacionalistas (como L.S. Chafer, J.D. Pentecost, C.C. Ryrie, J.F. Walvoord e Scofield).
"Os pré-milenistas históricos crêem que a segunda vinda de Cristo para reinar nesta terra e o arrebatamento da igreja acontecerão simultaneamente; haverá a ressurreição dos salvos no início do milênio (a primeira ressurreição) e a ressurreição dos incrédulos no final do milênio. O milênio, entretanto, na posição pré-milenista histórica, é tanto presente como futuro. No presente, Cristo reina nos céus. No futuro, Cristo reinará na terra, embora os pré-milenistas históricos em geral não considerem o período da tribulação e façam uma certa distinção entre Israel e igreja (o Israel espiritual).
Os pré-milenistas dispensacionalistas ensinam que a segunda vinda do Senhor Jesus acontecerá em duas fases: na primeira, o Senhor Jesus se encontrará com a igreja nos ares, levará os salvos para participar das bodas do Cordeiro nas regiões celestiais; e, após sete anos de tribulação na terra sem a presença da igreja, regressará com ela para reinar neste mundo por mil anos. Eles fazem uma distinção entre a ressurreição para a igreja, na ocasião do arrebatamento, a ressurreição para aqueles que virão a crer durante a tribulação de sete anos (ressurreição esta que ocorrerá na segunda vinda do Senhor, no final da tribulação) e a ressurreição dos incrédulos no final do milênio.
Os pré-milenistas dispensacionalistas fazem, também, uma distinção entre o julgamento dos crentes após o arrebatamento, o julgamento de judeus e gentios convertidos no final da tribulação de sete anos e o julgamento dos incrédulos no final do milênio. Sem dúvida, para os membros desta escola de interpretação, os sete anos de tribulação será literal, mas a igreja neo-testamentária será arrebatada antes dessa tribulação. O milênio será inaugurado e estabelecido com a segunda vinda do Senhor Jesus, após a tribulação e durará, literalmente, 1.000 anos. Sem dúvida, esta posição distingue completamente Israel e igreja…"
De todas essas perspectivas protestantes, a meu ver, a que mais se coaduna com a exegese bíblica é a posição amilenista. O Pré-milenismo, se parece muito com os roteiros Hollywoodianos, muitos fantasiosos. Pessoalmente creio que esta posição é a mais condizente com o ensino dos profetas, do Senhor Jesus e dos apóstolos, tanto hermenêutica quanto exegeticamente falando (Mateus 24-25).
Se o leitor estudar com mais afinco essas posições escatológicas, poderá perceber suas implicações imediatas no que tange à evangelização mundial e ao envolvimento da igreja nas questões sociais e políticas de nossa era. A posição escatológica mais fraca, em termos hermenêuticos e exegéticos, é a posição pré-milenista, devido à sua grade cronológica pré-estabelecida. Os pré-milenistas, em geral, começam com um quadro cronológico pré-estabelecido e passam a fazer uma "cirurgia textual" nas Escrituras, de acordo com o quadro já pré-desenhado por eles.
Falou e disse reverendo.
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P.S.: Encontrei este texto que eu nem lembrava de ter comentado num site na web, ainda que tenha mudado minha linha de raciocínio desde então, resolvi preservá-lo, por uma questão de honestidade. A data da concepção deste texto deve ter sido em algum mês do ano de 2002 ou 2003!
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