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Olhos d’água


Uma noite, há anos, acordei bruscamente e uma estranha pergunta explodiu de minha boca. De que cor eram os olhos de minha mãe? Atordoada custei reconhecer o quarto da nova casa em que estava morando e não conseguia me lembrar como havia chegado até ali. E a insistente pergunta, martelando, martelando... De que cor eram os olhos de minha mãe? 

Aquela indagação havia surgido há dias, há meses, posso dizer. Entre um afazer e outro, eu me pegava pensando de que cor seriam os olhos de minha mãe. E o que a princípio tinha sido um mero pensamento interrogativo, naquela noite se transformou em uma dolorosa pergunta carregada de um tom acusatório. Então, eu não sabia de que cor eram os olhos de minha mãe?

Sendo a primeira de sete filhas, desde cedo, busquei dar conta de minhas próprias dificuldades, cresci rápido, passando por uma breve adolescência. Sempre ao lado de minha mãe aprendi conhecê-la. Decifrava o seu silêncio nas horas de dificuldades, como também sabia reconhecer em seus gestos, prenúncios de possíveis alegrias. Naquele momento, entretanto, me descobria cheia de culpa, por não recordar de que cor seriam os seus olhos. Eu achava tudo muito estranho, pois me lembrava nitidamente de vários detalhes do corpo dela. Da unha encravada do dedo mindinho do pé esquerdo... Da verruga que se perdia no meio da cabeleira crespa e bela... Um dia, brincando de pentear boneca, alegria que a mãe nos dava quando, deixando por uns momentos o lava-lava, o passa-passa das roupagens alheias, se tornava uma grande boneca negra para as filhas, descobrimos uma bolinha escondida bem no couro cabeludo ela. Pensamos que fosse carrapato. A mãe cochilava e uma de minhas irmãs aflita, querendo livrar a boneca-mãe daquele padecer, puxou rápido o bichinho. A mãe e nós rimos e rimos e rimos de nosso engano. A mãe riu tanto das lágrimas escorrerem. Mas, de que cor eram os olhos dela?

Eu me lembrava também de algumas histórias da infância de minha mãe. Ela havia nascido em um lugar perdido no interior de Minas. Ali, as crianças andavam nuas até bem grandinhas. As meninas, assim que os seios começavam a brotar, ganhavam roupas antes dos meninos. Às vezes, as histórias da infância de minha mãe confundiam-se com as de minha própria infância. Lembro-me de que muitas vezes, quando a mãe cozinhava, da panela subia cheiro algum. Era como se cozinhasse ali, apenas o nosso desesperado desejo de alimento. As labaredas, sob a água solitária que fervia na panela cheia de fome, pareciam debochar do vazio do nosso estômago, ignorando nossas bocas infantis em que as línguas brincavam a salivar sonho de comida. E era justamente nos dias de parco ou nenhum alimento que ela mais brincava com as filhas. Nessas ocasiões a brincadeira preferida era aquela em que a mãe era a Senhora, a Rainha. Ela se assentava em seu trono, um pequeno banquinho de madeira. Felizes colhíamos flores cultivadas em um pequeno pedaço de terra que circundava o nosso barraco. Aquelas flores eram depois solenemente distribuídas por seus cabelos, braços e colo. E diante dela fazíamos reverências à Senhora. Postávamos deitadas no chão e batíamos cabeça para a Rainha. Nós, princesas, em volta dela, cantávamos, dançávamos, sorríamos. A mãe só ria, de uma maneira triste e com um sorriso molhado... Mas de que cor eram os olhos de minha mãe? 

Eu sabia, desde aquela época, que a mãe inventava esse e outros jogos para distrair a nossa fome. E a nossa fome se distraía. Às vezes, no final da tarde, antes que a noite tomasse conta do tempo, ela se assentava na soleira da porta e juntas ficávamos contemplando as artes das nuvens no céu. Umas viravam carneirinhos; outras, cachorrinhos; algumas, gigantes adormecidos, e havia aquelas que eram só nuvens, algodão doce. A mãe, então, espichava o braço que ia até o céu, colhia aquela nuvem, repartia em pedacinhos e enfiava rápido na boca de cada uma de nós. Tudo tinha de ser muito rápido, antes que a nuvem derretesse e com ela os nossos sonhos se esvaecessem também. Mas, de que cor eram os olhos de minha mãe?

Lembro-me ainda do temor de minha mãe nos dias de fortes chuvas. Em cima da cama, agarrada a nós, ela nos protegia com seu abraço. E com os olhos alagados de pranto balbuciava rezas a Santa Bárbara, temendo que o nosso frágil barraco desabasse sobre nós. E eu não sei se o lamento-pranto de minha mãe, se o barulho da chuva... Sei que tudo me causava a sensação de que a nossa casa balançava ao vento. Nesses momentos os olhos de minha mãe se confundiam com os olhos da natureza. Chovia, chorava! Chorava, chovia! Então, porque eu não conseguia lembrar a cor dos olhos dela?

E naquela noite a pergunta continuava me atormentando. Havia anos que eu estava fora de minha cidade natal. Saíra de minha casa em busca de melhor condição de vida para mim e para minha família: ela e minhas irmãs que tinham ficado para trás. Mas eu nunca esquecera a minha mãe. Reconhecia a importância dela na minha vida, não só dela, mas de minhas tias e todas a mulheres de minha família. E também, já naquela época, eu entoava cantos de louvor a todas nossas ancestrais, que desde a África vinham arando a terra da vida com as suas próprias mãos, palavras e sangue. Não, eu não esqueço essas Senhoras, nossas Yabás, donas de tantas sabedorias. Mas de que cor eram os olhos de minha mãe?

E foi então que, tomada pelo desespero por não me lembrar de que cor seriam os olhos de minha mãe, naquele momento, resolvi deixar tudo e, no outro dia, voltar à cidade em que nasci. Eu precisava buscar o rosto de minha mãe, fixar o meu olhar no dela, para nunca mais esquecer a cor de seus olhos.

E assim fiz. Voltei, aflita, mas satisfeita. Vivia a sensação de estar cumprindo um ritual, em que a oferenda aos Orixás deveria ser descoberta da cor dos olhos de minha mãe.

E quando, após longos dias de viagem para chegar à minha terra, pude contemplar extasiada os olhos de minha mãe, sabem o que vi? Sabem o que vi?

Vi só lágrimas e lágrimas. Entretanto, ela sorria feliz. Mas, eram tantas lágrimas, que eu me perguntei se minha mãe tinha olhos ou rios caudalosos sobre a face? E só então compreendi. Minha mãe trazia, serenamente em si, águas correntezas. Por isso, prantos e prantos a enfeitar o seu rosto. A cor dos olhos de minha mãe era cor de olhos d’água. Águas de Mamãe Oxum! Rios calmos, mas profundos e enganosos para quem contempla a vida apenas pela superfície. Sim, águas de Mamãe Oxum.

Abracei a mãe, encostei meu rosto no dela e pedi proteção. Senti as lágrimas delas se misturarem às minhas.

Hoje, quando já alcancei a cor dos olhos de minha mãe, tento descobrir a cor dos olhos de minha filha. Faço a brincadeira em que os olhos de uma são o espelho dos olhos da outra. E um dia desses me surpreendi com um gesto de minha menina. Quando nós duas estávamos nesse doce jogo, ela tocou suavemente o meu rosto, me contemplando intensamente. E, enquanto jogava o olhar dela no meu, perguntou baixinho, mas tão baixinho como se fosse uma pergunta para ela mesma, ou como estivesse buscando e encontrando a revelação de um mistério ou de um grande segredo. Eu escutei, quando, sussurrando minha filha falou:

Mãe, qual é a cor tão úmida de seus olhos?

Conceição Evaristo
(In: Olhos d’água, p. 15-19)

Aurora

Promete Mysha!


Promete que não vai crescer distante
Promete que vai ser pra sempre assim
Promete esse sorriso radiante
Todas as vezes que você pensar em mim

Promete cuidar bem dos seus cachinhos
E sempre me abraçar quando eu chegar
Promete sorrir sempre com os olhinhos

E cantar cantigas na sala de estar

Que eu prometo ser pra sempre o seu
Porto seguro
Eu prometo dar-te eternamente o meu amor

Promete aproveitar cada segundo
Desse tempo que já passa tão veloz
Me lembro quando você chegou nesse mundo
Sorrindo aos poucos quando ouvia a minha voz

E hoje corre pela sala
Brinca de existir
Giz de cera, pega-pega
Eu só sei sorrir
Ao imaginar você crescer

Para um pouco com a bagunça
Deixa eu te olhar
Que o tempo voa e olha só
Você sabe falar
E diz tudo que eu preciso escutar

Laialaiá

Promete ser pra sempre o meu menino
Me deixar cantar pra te fazer dormir
Que eu prometo que vou te cuidar pra sempre
Eu te amo infinito
Meu guri.

Composição: Ana Vilela




"... eu envergo, mas não quebro..."

Se por acaso pareço
Que agora já não padeço
De um mau pedaço na vida
Saiba que minha alegria
Como é normal, todavia
Com a dor é dividida

Eu sofro igual todo mundo
Eu apenas não me afundo
Em sofrimento infindo
Eu posso até ir ao fundo
De um poço de dor profundo
Mas volto depois sorrindo

Em tempos de tempestades
Diversas adversidades
Eu me equilibro, e requebro
É que eu sou tal qual a vara
Bamba de bambu-taquara
Eu envergo mas não quebro




Eu envergo mas não quebro
Não é só felicidade
Que tem fim na realidade
A tristeza também tem
Tudo acaba, se inicia
Temporal e calmaria
Noite e dia vai e vem

Quando é má a maré
E quando já não dá pé
Não me revolto ou nem queixo 
E tal qual um barco solto  
Salvo do alto mar revolto  
Volto firme pro meu eixo  

E em noite assim como esta  
Eu cantando numa festa  
Ergo o meu copo e celebro  
Os bons momentos da vida  

E nos maus tempos da lida  
Eu envergo mas não quebro  
Eu envergo mas não quebro 
Eu envergo mas não quebro

Eu envergo mas não quebro.

[Quando procurei palavras que pudessem expressar o que sinto, lembrei desta música, que consegue traduzir tudo o que penso e sinto, Mysha].

"... era uma vez em dezembro..."



Este post é uma homenagem à minha filha Jessicah Kelly, quando ouço esta música me lembro da infância dela e sinto extremas saudades da menininha que era, cheia de sonhos e fantasias. Orgulho de ser pai desta garota, muito orgulho mesmo!

Menininha!

Um dia olhou para ela e se deu conta de algo que esperava há muito tempo, mas que não achava que chegaria tão cedo, tinha virado realidade: ela não era mais uma menininha, já estava deixando a puberdade para trás, estava “virando” uma moça. A imagem daquela menina loirinha, de sorriso meigo e cativante, existia apenas na mente dele e nas fotos que guardava com carinho numa pasta de seu computador pessoal, a mania de caixas e mais caixas com fotos ele deixou de lado há muito tempo.

Com certa nostalgia lembrou-se dela andando de gatinhas pela casa, derrubando tudo o que vinha à mão, inclusive os livros que ele guardava com tanto ciúmes. Lembrou-se também da mania que havia adquirido quando ela nasceu, um verdadeiro vício: gostava de colocar apelidos nela, toda semana era um novo, às vezes eram dois na mesma semana, nem bem um começava a “pegar” e ele já vinha com outro. Ele fazia testes, um dia talvez algum caísse como uma luva.

Por conta da cor rósea, quase vermelha com que ela nasceu, ele lhe deu a alcunha de colorau. Por ser muito pequena na época, talvez ela nem sequer se lembre desse apelido, apenas ouviu dizer que um dia foi chamada assim, como todos os outros que se seguiram, este também era volátil e logo saiu do uso e ficou nos anais da curta história de vida dela.

Por conta do cabelo loiro que ela tinha, e pelo costume que têm os nordestinos de chamarem os loiros de galegos (galegos eram os habitantes da região chamada de Porto Gale, depois Portugal), ele a chamava de galeguinha, esse teve um ciclo de vida maior, chegou até à adolescência, mas também caducou e feneceu.

Quando ela cresceu mais um pouco e já tentava se portar como uma moça, não mais como uma criança ele passou a chamá-la de menininha, era uma forma carinhosa de dizer-lhe que não crescesse ou que para ele, ela nunca cresceria, seria sempre a sua menininha. Esse é o preferido dele, ainda a chamava assim quando ela ultrapassava a adolescência.

Quando ela já estava na puberdade ele passou a chamá-la de Mysha Nokoy, que em japonês significa Filha Querida, por solicitação dela mesma, que por ser fã de animes passou a ser aficionada pela cultura nipônica. Esse pegou mesmo, ele achava estranho pronunciar o nome dela na frente das pessoas, tanto que se acostumou com esse apelido.

Como ele se tornou apaixonado por literatura afegã, hábito surgido após ler Cidade do Sol, O Caçador de Pipas e O livreiro de Cabul, obras que só se tornaram conhecidas no mundo ocidental por conta da queda do regime talibã que dominou com mão de ferro aquele país, passou a adotar o hábito de usar os mesmos termos usados naquela língua para referir-se às pessoas muito amadas. Naquele idioma quando alguém quer demonstrar o amor que sente por outra pessoa ela diz: "... você é a noor dos meus olhos!". Ou seja, você é a luz, o brilho do meu olhar. Não se tornou afegão, mas dizia com a alma para ela: Você é a noor dos meus olhos.

Assistindo à Menina de Ouro, película que o fez chorar demais, aprendeu que em gaélico, língua dos irlandeses, povo de origem celta, cultura esta que ele amava demais, em todos os aspectos possíveis, principalmente a literatura, a música e até mesmo a espiritualidade, existe uma forma especial de demonstrar apreço por alguém, basta dizer: "... Mo Cuishle..." que quer dizer: Minha querida, meu sangue! Ele ansiava que isso fosse gravado no coração dela, vivia fazendo com que ela nunca esquecesse, tentava impregnar a mente dela com esta verdade tão profunda: você é minha querida, você é meu sangue! Pensava sempre em tatuar no braço: Mysha mo cuishle, noor dos meus olhos!

Não importa que nome, que alcunha venha chamá-la, o amor incondicional que sente é suficiente para lidar com ela de várias facetas, ou sem faceta alguma. Para ele, o que importa é que a ama, os apelidos foram e são apenas formas carinhosas de chamar a atenção dela para este fato: Amada por Deus e menininha do papai!

Se eu pudesse...

Quem me dera que eu não fosse tão incapaz,
Quem me dera que eu não tivesse tão pouca força.
Quem me dera que eu tivesse realmente capacidade,
Quem me dera que eu realmente pudesse,
Quem me dera que o meu poder fosse do tamanho do meu querer,
Assim, se eu pudesse tirar esse sofrimento de sua alma, eu o faria.
Eu entraria nas mais íntimas fímbrias de seu coração,
E arrancaria com minhas mãos essa angústia
E a despedaçaria entre os meus dedos,
Ah, se eu pudesse tirar toda a sua dor,
Eu a extrairia de dentro de sua alma,
E a faria minha, para que ela nunca mais voltasse para você,
Eu faria isso sem vacilo algum, eu faria isso sem receio,
Eu faria isso sem pestanejar, sem titubear.
Algo que posso te dizer com toda a certeza é que:
"Existe uma razão para tudo que está acontecendo contigo",
Pois nada é por acaso, não existe um destino cego,
Às vezes a estrada da vida tem trechos obscuros,
Muitas vielas frias, muitos becos sombrios,
Muitos desvios que tomamos conduzem a precipícios paralisantes,
Esses caminhos são muito difíceis de serem trilhados
E fazem com que tudo pareça tormentoso e sem saída.
Olhamos para o lado e nos desesperamos,
Eu, porém, quero que você tenha sempre a certeza...
Não importa o lugar, não importa o momento,
Não importa a situação, nem os motivos,
Que eu estarei aqui se você precisar conversar,
Mesmo que não queira conversar, estarei aqui,
Quando você precisar chorar, estarei aqui,
Para chorar com você, ou para enxugar suas lágrimas,
Para dar conforto, se você precisar
Ou tão somente, simplesmente, para calar,
Se você quiser confidenciar seu silêncio comigo.
Quero que saiba, que nunca esqueça,
Que grave indelevelmente em seu coração,
Que eu me importo com você e,
Estarei sempre ao seu lado!
Sou teu amigo, teu cúmplice, teu pai!

[No dia 12 de abril de 2007, quando ela entrava na adolescência, ele escreveu-lhe num site de relacionamento uma pequena reflexão que inspirou este texto, quando ela começou a encarar todos os medos que a idade lhe punham frente a frente, ambos estavam dilacerados, cada um por suas próprias lutas por suas próprias derrotas, ele com a alma dilacerada de tristeza tentou demonstrar-lhe o que sentia por ela, nenhum coração de pai podia dizer com mais sinceridade estas palavras, amava-a incondicionalmente e isto bastava].

Legado

Eu, Jocelenilton Gomes, confessadamente um maltrapilho de Abba, me encontrando no meu perfeito juízo e entendimento, exceto pelo fato de ser afetado pelo TPB (Transtorno de Personalidade Borderline) livre de qualquer coação, excetuando as exigências que a minha personalidade Borderline requer de mim mesmo, deliberei fazer esse meu testamento particular, como efetivamente o faço, sem constrangimento, em presença de centenas de testemunhas, qualificados aqui como os leitores que acessam, ou acessarem este blog, no qual exaro minha última vontade, pela forma e maneira seguinte: sou brasileiro, casado, com 43 anos de idade, tendo nascido em Monteiro, PB, filho de José Trezena e de Marilene Gomes, tendo dois descendentes até o presente momento, instituo como herdeiros de meu legado de vida, exposto em 06 itens, Ulrich Zwínglio Gomes, 18 anos, meu descendente, falecido em 31 de agosto de 1993 e Jessicah Rhebeccah Gomes, 16 anos também minha descendente, e quaisquer outros descendentes que porventura nasçam após esta data. Assim expressando este testamento particular minha última vontade, pedindo à Justiça de meu País que o faça cumprir como este se contém e declara e às testemunhas, perante as quais postei este mesmo testamento, que o confirmem em juízo, de conformidade com a lei. Dou, assim, por concluído este meu testamento particular, que com as aludidas testemunhas, assino, nessa cidade de Recife, PE, aos 31 dias do mês de agosto do ano de dois mil e onze(2011).

Seguem os termos do meu legado:
  • Caráter: muitas vezes fui acusado injustamente, inclusive por pessoas próximas a mim, de que não tinha caráter ou que era mau-caráter, algumas que disseram isso nem me conheciam de verdade, mas eu sei, sem nenhum narcisismo, que não sou isso, sou alguém que tem um caráter sem mácula, as falhas de minha personalidade transtornada não danificaram o que resta de bom em mim, por isso tenho a convicção que posso lhes legar isso, e talvez seja o que há de melhor que posso lhes conceder. Meu caráter foi talhado pela vida e depois foi moldado e retocado por diversas circunstâncias, mas o que há de melhor nele, foi preservado graças à misericórdia de Abba;
  • Honra: Se alguma coisa tem valor expressivo para mim, esta coisa é a honra, não tenho apreço por imóveis, fama, dinheiro e carros, tudo isso passa, mas lutar para viver com dignidade e honra é algo que eu faria e o farei até à morte. Já perdi muitas coisas materiais, empregos e oportunidades, apenas pelo fato de honrar o que sou, sem soberba, com humildade, mas com muita honestidade. Deixo isso também como parte do legado. Fui demitido um dia de uma empresa que trabalhava, pois fui defender meu chefe que estava sendo acossado por um diretor obtuso, o diretor em parte tinha razão, meu chefe não era competente, mas todos estavam crucificando-o, eu não podia ver aquilo sem fazer nada, eu o defendi, ainda que soubesse que ele não gostava de mim, que falava mal de mim e demonstrava sinais evidentes de inveja de minha atuação como profissional, apresentei as falhas da argumentação do diretor. Ocorre que este diretor queria demitir meu chefe e me colocar no lugar dele, mesmo sabendo disso, eu o defendi e me indispus com o diretor que me demitiu e deixou meu chefe na empresa, depois ele também saiu. No outro dia, depois que fui demitido, ao me olhar no espelho, não tive do que me envergonhar de minha conduta, eu fiz aquilo por honra, somente por honra;
  • Determinação: Se querem algo, lutem por isso, não desistam, eu já tive que enfrentar muitas pessoas e algumas muito poderosas, apenas porque eu queria que as coisas saíssem de forma correta, mas elas achavam que deveriam ser da forma delas, eu porém, não achava que estava correto, por isso lutei e lutaria mil vezes se preciso fosse. Eu mesmo não sabia que eu era tão forte e determinado, muitas vezes me admirei de mim mesmo, posso legar isso a vocês também. Já caí muitas vezes, mas tantas quanto as quedas que levei foram as vezes que me levantei, me ergui. Não tenho medo de quedas, de derrotas, de cair, eu sei que vou me erguer, pode custar, pode demorar, não é fácil, pode ser doloroso, mas eu vou me erguer. Willard Marriott uma vez disse: “Quanto mais forte o vento, mais forte as árvores”, e eu tomei esta frase como a que define minha trajetória de vida, digo sempre para as circunstâncias: podem me derrubar, podem me deixar caído ao chão por um tempo, por um ano, ou mesmo décadas, mas eu vou me levantar e quando eu me erguer, estarei mais forte do que nunca, por isso, trabalhem bem, pois eu sei que vou me erguer;
  • Palavra: Só existe uma palavra para um homem ou uma mulher de bem, de honra, só prometam o que possam cumprir e cumpram o que prometerem. Eu honro a minha palavra, e não aceito de forma alguma que não honrem a palavra empenhada comigo. Recentemente pedi demissão de uma grande empresa, onde eu tinha prestígio, um bom salário e uma carreira pela frente, por conta do diretor da empresa não ser um homem de palavra, pedi para sair, perdi muito dinheiro por isso, tive dificuldades financeiras, mas não voltei atrás naquilo que penso, posso lhe dar isso como legado também. Quando disserem que farão algo, não se liberem de fazer, a palavra de vocês vale muito mais do que tudo o que perderão, eu já perdi muitas coisas, que sequer consigo enumerar, tão somente por ter dito que faria algo e quando fui fazer, percebi que aquilo me traria enorme prejuízo, mas tinha dado a minha palavra, não podia voltar atrás, fiz isso, mesmo que em prejuízo próprio, sejam cativos de suas próprias palavras, se querem ser respeitados pelas pessoas que cercam vocês, então honrem as palavras que pronunciarem, não empenhem suas palavras em nada pelo qual não possam viver ou morrer, pois é assim que deve ser;
  • Coerência: Isso é, de certa forma, um sinônimo de integridade, ser inteiro, não ter lacunas, ser coerente é viver, em âmbito particular, de acordo com aquilo que crê, de acordo com aquilo que pensa, de acordo com aquilo que se defende em público. Não pensem e nem creiam em nada que não possam viver, não vivam uma vida, por melhor que aparentemente seja, que não possam crer e defender, sejam coerentes, desprezem a hipocrisia, afastem de vocês o viver de modo aparente e o farisaísmo, sejam coerentes, sejam inteiros. Abba, os compreenderá quando esta coerência cobrar um preço muito alto, paguem este preço, melhor morrer por algo que se crer do que viver 100 anos sem que um ideal dirija suas vidas, sem que haja ligação entre o que se crer e o que se vive, vivam aquilo que creem, creiam naquilo que vivem, caso não consigam fazer isso, abandonem as crenças que não mereçam ser vividas, ou mudem de vida para que se ajuste às crenças e ideias que tenham, sejam coerentes, prometo que terão consciência tranquila, não prometo que serão felizes e nem ricos, mas que colocarão a cabeça no travesseiro sem que sejam condenados pela mente, ser coerente nem sempre garante sono restaurador;
  • Honestidade: Nada faz mais falta no mundo moderno do que a honestidade. Num mundo em que as pessoas só querem levar vantagens, só querem ganhar e ganhar, ser honesto muitas vezes é sinônimo de fraqueza e de pouca inteligência, às vezes parece antônimo de esperteza. Bom, se for assim, lhe peço: não sejam espertos, sejam honestos! Nada que é conquistado de modo não honesto, permanece, ou tem valor. A fama ou a riqueza conquistada de forma desonesta, pode até permanecer por muitos longos anos, mas o preço da desonestidade um dia é cobrado, os juros são altos. Se tiverem que escolher entre a vantagem de uma vida em que as preocupações diárias sejam apenas banalidades, e outra em que as lutas pela sobrevivência apareçam de minuto a minuto, escolham a segunda, desde que o que leve a uma vida de abastança não seja alcançado de modo honesto. Entre a honestidade e a esperteza, escolham a honestidade, não sejam espertos, sejam dignos, vivam com dignidade;
  • Não posso lhes dar bens, nem riquezas, posso oferecer apenas o que sou, meu nome e a certeza de que vivi a minha vida, até este momento, procurando honrar o nome dos meus pais, só lhes peço que façam o mesmo, vivam e deixem um legado, deixem algo que faça com que seus filhos possam se orgulhar de vocês, deixem algo perene, que nem o tempo e nem as intempéries possam destruir e derribar, sejam vocês mesmos, sejam felizes, orgulho de vocês eu já tenho, a mim não devem nada, cumpram o propósito de Deus em suas vidas e encontrarão a felicidade.

Se (If) Rudyard Kipling

Se és capaz de manter tua calma, quando,
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses no entanto achar uma desculpa.

Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso.

Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
tratar da mesma forma a esses dois impostores.

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.

Se és capaz de arriscar numa única parada,
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida.

De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e, entre Reis, não perder a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma utilidade.

Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo valor e brilho.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!

[Para você, meu filho Ulrich Zwínglio, neste dia em que completas 18 anos. Parabéns garoto!]

Mensagem para você, meu filho!

Não acho que esta música seja de teu gosto, um adolescente de 16 anos não deve gostar de músicas melancólicas, a não ser os “emos” e pelo que me consta você não é emo, mas mesmo estes não devem gostar dela, talvez a achem “brega”. Por isso peço licença para começar esta carta reproduzindo um verso composto por um grande cantor: Antônio Marcos, que era um gênio, mas também era um desajustado, um inconformado, provavelmente morreu infeliz e incompreendido:

"... Como vai você, eu queria saber da sua vida,
peço alguém pra me contar sobre os seus dias,
anoiteceu e eu preciso só saber..."

Essa música ele cantava com a alma, muito melhor que o insosso Roberto Carlos. Pena que você nunca o viu cantar, pena mesmo! Utilizo-me desta parte da música como uma forma de expressar o quanto eu sinto saudades de você. Há 16 anos ela tem sido o “hino” que eu canto em cada aniversário teu, o clamor de minha garganta em cada dia dos pais em que a tua ausência é tão presente e o grito inaudível de meu peito em cada dia das crianças. Sei que você nem se considera mais sequer adolescente e deve ser como todos os demais garotos de tua idade, como eu mesmo fui um dia, livre e independente, certamente que não desejaria presentes e nem aceitaria recebê-los hoje, afinal de contas hoje é apenas “Dia das Crianças”, por isso que para marcar esta data eu te escrevo esta mensagem, que há 200 anos estaria numa garrafa lançada ao mar, há 100 anos seria uma missiva entregue pelo carteiro à cavalo, há 10 anos seria um telegrama e hoje é “postada” num blog, mas todas expressariam, como esta, o amor incondicional de um pai que tem por sobrenome saudade. Há muito tempo que não paramos para conversar, já se passaram tantos anos desde a última vez.

A vida tem sido tão difícil, marcada por sonhos irrealizados e que nunca se realizarão e planos que foram lançados no mar do esquecimento para não lancetarem tanto, ela é tão corrida, ela passa tão rápido, ou deixamos que ela passe tão rápido, que eu chego a me perguntar se vale a pena viver oitenta anos em vinte.

Nem parece que sou pai de um adolescente com essa idade, ainda não me acostumei com a idéia. Tenho apenas a certeza do que é difícil educar filhos desta faixa etária hoje em dia, são tantos desafios, tantas dificuldades, que às vezes bate um desespero, tenho lido muito sobre o assunto, procuro me informar para poder enfrentar bem as situações que podem me sobrevir, além de você ainda tenho a Mysha (caso não saibas, Mysha é o epíteto de Jessicah Rhebeccah, tua irmã) com 14 anos, uma linda garota, no mais amplo sentido da palavra, tanto interiormente, quanto exteriormente. Inteligente, culta, sensível, escreve bem demais, tem centenas de contos que eu vivo pedindo que ela publique, mas ela sempre procrastina, digo, protela, prorroga, vocês dois são dois universos diferentes, cada um com seu mundo, cada um com suas “certezas”. Você precisa ver o que ela fala de si mesma, as lutas que tem e, olha que dá vontade de rir, as paranóias de que é feia, uma verdadeira Cinderela que se acha Gata Borralheira! Dá uma olhada de leve no blog que ela mantém e depois ver as fotos no perfil dela no Orkut. Vá entender as mulheres! Conselho de pai, não tente, é uma roubada, para cada coisa que elas disserem, diga apenas hum, hum! E balance a cabeça afirmativamente, isso vai fazer com que te considerem atencioso e você não se meterá em problemas.

Só agora que já tens capacidade de me entender e compreender de fato é que te escrevo esta, e um dos motivos é para dizer o quanto lamento não ter visto você dar os primeiros passos, eu não estava à tua frente com os braços abertos te dando a confiança que precisavas nesta fase tão importante de tua vida, eu também não limpei as feridas, que as muitas quedas e os muitos tombos te causaram. Não pude também te ensinar as primeiras palavras, como também não ouvi sequer quais foram as que você primeiro pronunciou. Nunca troquei uma fralda sequer tua, nunca me levantei à noite para te colocar no braço até que a dor ou o desconforto te deixasse dormir. Nunca arranquei nenhum dente teu e nunca te coloquei para dormir ninando-te me meus braços.

Lamento profundamente o fato de não ter te ensinado a andar de bicicleta, nem sei se sabes, se aprendeste de alguma forma, também não te ensinei a jogar bola, muito embora eu nem saiba muito, sempre fui meio desajeitado, parece que nem tenho coordenação motora, nem sei se seria capaz de fazer isso, mas com certeza correr contigo atrás de uma bola teria sido um prazer imenso para mim..

Não te ensinei a jogar pião, bola de gude e construir e empinar pipas, coisas que eu sei que os meninos de hoje nem sabem que um dia existiram, pensam que são peças de museu, mas também poderia jogar contigo no computador ou em qualquer videogame irado desses modernos.

Não pude te levar à escola, nem no primeiro dia e nem outro dia qualquer depois, não pude ver teus jogos, tuas competições esportivas, nunca pude ir à escola para comemorar o Dia dos Pais ao teu lado.

Nunca te levei ao Santuário Maior dos Rubro-negros de Recife, a majestosa Ilha do Retiro, covil do Leão do Norte, se bem que neste momento as coisas não andam muito boas por aquelas bandas não. Nunca assistimos a jogos do Sport e nem tomamos sorvetes juntos.

Nunca te levei à igreja, você nunca me viu pregando ou ensinando e nunca pudemos falar de Deus e de Jesus. Nunca pude ler histórias (e estórias também) para você, como fazia para a tua irmã quando ela era menor. Nunca pude te contar minhas aventuras, como o dia em fugi de casa ou o dia em que toquei fogo numa plantação, mas isso fica para outro dia, eu já estou correndo o risco de entrar numa digressão, e em outro lugar eu já escrevi sobre isso.

Não fiz nada disso não foi por estar ocupado, talvez se esse fosse o motivo eu estaria agora feliz, pelo menos poderia recuperar o tempo perdido, mas não fiz nada disso porque você foi embora muito antes que eu pudesse fazer algo, foi embora sem um sorriso, sem uma lágrima, sem um choro e até mesmo sem um adeus.

O dia 31 de agosto de 1993 ainda está marcado à ferro e fogo em minha alma, deixou marcas indeléveis, que, acredito eu, são eternas. Neste dia, ainda que eu tivesse 25 anos, para mim foi o dia em que perdi a noção do “mundo maravilhoso de Alice”. Onde tive que enfrentar todos os meus medos, todos de uma só vez, onde a sombra começou a pairar sobre minha vida e a “noite escura” da alma chegou de vez.

Neste dia você nasceu e floresceu, neste dia você definhou e morreu.

Você foi como um presente de Deus, chegou quando disseram que era impossível que você viesse, e foi embora quando eu achava impossível que fosse verdade. 16 longos anos imaginando como seria toda uma vida, como seria ter você e Mysha, juntos, curtindo a infância de cada um e vivenciado cada momento e cada vitória, e dividindo o peso de cada derrota que por acaso sobreviesse.

Senti-me só no dia em sepultei você, perdido, ainda que muita gente estivesse ao meu lado, uma dor profunda como eu nunca havia sentido, como nunca senti depois, porém a dor nunca mais foi embora, resisti por muito tempo, depois me acostumei, caso ela vá embora eu creio que sentirei muita falta. Não é que ela virou amiga, apenas não sei como é existir sem ela.

Alguns anos depois senti a mesma solidão, o mesmo sentimento de desamparo e abandono à beira da sepultura do meu pai, você já o deve ter conhecido, é claro! Não sabes o quanto eu sonhei com vocês dois juntos, tenho certeza que ele te colocaria nas costas e te deixaria fazer cavalinho nele, seria um problema para mim, pois ele como um bom avô iria te colocar no mau caminho, como o pai de minha mãe me colocou. A dor que eu senti foi diferente, a dor que senti quando me despedi de você foi uma dor não natural, nenhum pai deveria enterrar um filho, nenhum pai!

A saudade dói, mas a saudade que sinto pode ser, parafraseando um escritor americano, um “rumor da outra vida” que um dia teremos juntos, quando nos reencontrarmos, então a tua presença e a presença eterna da Luz Divina preencherão todos os vazios que porventura ainda existam. Sobre os vazios que só Abba pode preencher, um santo do passado um dia disse: "Fizeste-nos para Ti, e inquieto estará o nosso coração enquanto não encontrar em Ti descanso". Você já deve tê-lo conhecido, é um cara esquisito que gostava de roubar pêras, por nome Santo Agostinho. Sei que já experimentas essa plenitude, sabes bem do que estou falando, muito melhor do que eu.

E então sentaremos na beira de um rio, pescaremos, andaremos e conversaremos, colocaremos os assuntos em dia. Mas neste dia, já não terei mais lágrimas para derramar, pois elas serão enxugadas por Abba, a saudade vai desaparecer e só alegria do reencontro dominará nossos corações. E aí esperaremos aqueles que virão depois de nós e então “estaremos juntos para sempre com o Senhor”.

Até breve Ulrich, até breve garoto, dê lembranças ao teu avô, diga-lhe que sinto muito a sua falta, até breve meu filho.

Pai e Filha

Este vídeo (Pai e filha) ganhou o Oscar de Melhor Curta-Metragem em 2002, dirigido pelo holandês Michael Dudok de Wit (nascido em 1953, Abcoude, Países Baixos) é um animador, diretor e ilustrador.

É a história de todos nós, algumas vezes somos o pai, nas outras vezes somos a filha. O que vale mesmo é viver o papel que nos é dado com verdadeiro sacerdócio, para que arrependimentos não nos surpreendam no fim da nossa jornada na Terra e no inicio de nossa Grande Viagem.

Usando o movimento, o vai e vem das bicicletas ano após ano, descreve a ânsia de uma menina que vira seu pai perder-se no mar, sendo por muitos interpretado como uma metáfora, onde a despedida do pai não representa senão a sua morte. O reencontro dos dois deixa subentendida a morte da filha e a vida além disso. Com música de Normand Roger em colaboração com Denis Chartrand, e usando o tema "The Danube Waves" de Iosif Ivanivic, produzido pela CineTé Filmproductie bv e Cloudrunner Ltd, faz parte da Animation Show of the Shows.


Tears in heaven

Tears in heaven - Lágrimas no paraíso
Eric Clapton



Would you know my name
Você saberia meu nome

 If I saw you in heaven?
Se eu te encontrasse no paraíso?

 Would it be the same
Seria a mesma coisa

 If I saw you in heaven?
Se eu te encontrasse no paraíso?

 I must be strong
Eu tenho de ser forte

 And carry on
E prosseguir

'Cause I know I don't belong
Porque eu sei que não pertenço

 Here in heaven
Aqui ao paraíso

Would you hold my hand
Você seguraria minha mão

 If I saw you in heaven?
Se eu te encontrasse no paraíso?

 Would you help me stand
Você me ajudaria a suportar

 If I saw you in heaven?
Se eu te encontrasse no paraíso?

I'll find my way
Eu encontrarei meu caminho

Through night and day
Através da noite e dia

'Cause I know I just can't stay
Porque eu sei que simplesmente não posso ficar

Here in heaven
Aqui no paraíso

Time can bring you down
O tempo pode deixar você desanimado

Time can bend your knees
O tempo pode dobrar seus joelhos

Time can break your heart
O tempo pode partir seu coração

Have you begging please
Te deixar suplicando por favor

Begging please
Suplicando por favor

Beyond the door
Além da porta

There's peace, I'm sure
Existe paz, eu tenho certeza

 And I know there'll be no more
E sei que não haverá nunca mais

Tears in heaven
Lágrimas no paraíso