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Aurora

"... eu envergo, mas não quebro..."

Se por acaso pareço
Que agora já não padeço
De um mau pedaço na vida
Saiba que minha alegria
Como é normal, todavia
Com a dor é dividida

Eu sofro igual todo mundo
Eu apenas não me afundo
Em sofrimento infindo
Eu posso até ir ao fundo
De um poço de dor profundo
Mas volto depois sorrindo

Em tempos de tempestades
Diversas adversidades
Eu me equilibro, e requebro
É que eu sou tal qual a vara
Bamba de bambu-taquara
Eu envergo mas não quebro




Eu envergo mas não quebro
Não é só felicidade
Que tem fim na realidade
A tristeza também tem
Tudo acaba, se inicia
Temporal e calmaria
Noite e dia vai e vem

Quando é má a maré
E quando já não dá pé
Não me revolto ou nem queixo 
E tal qual um barco solto  
Salvo do alto mar revolto  
Volto firme pro meu eixo  

E em noite assim como esta  
Eu cantando numa festa  
Ergo o meu copo e celebro  
Os bons momentos da vida  

E nos maus tempos da lida  
Eu envergo mas não quebro  
Eu envergo mas não quebro 
Eu envergo mas não quebro

Eu envergo mas não quebro.

[Quando procurei palavras que pudessem expressar o que sinto, lembrei desta música, que consegue traduzir tudo o que penso e sinto, Mysha].

The sweet grandpa

Eu não sei direito como tudo isso começou. Pudera também, eu não tinha mais de 5 anos quando me veio o primeiro vislumbre de uma tragédia que talvez acabasse com tudo. Tragédia para nós porque seria um ganho e tanto às novas criaturas que dali por diante iriam cercá-lo. 

Aquela casa, preciso confessar, sempre me intrigou um pouco. Eu lembro do céu e sua cor inexistente, lembro do branco amarelado que assumiu naquele dia em que eu estava sentada em uma escada de pedra, vendo a rua movimentar-se lá embaixo. Estava tudo muito calmo, claro e silencioso. De alguma forma eu gostava daquilo. Eu gostava muito daquilo. 

Lembro-me que o vi chegar com aquele sorriso deslumbrante que só ele conseguia ter. Ele abriu o portão de ferro lá embaixo para adentrar o quintal de sua casa e eu me alegrava de vê-lo chegar, ainda mais do jeito que estava ali. Seu corpo estava mais forte, ele parecia muito mais saudável do que das outras vezes que eu o vira e vestia um terno cor-de-vinho incrivelmente bonito, lhe caía muito bem. Ao ver aquela imagem à minha frente, dirigindo-se a mim foi que eu comecei a pensar… Ora, mas por que ele estava vestido daquela forma? Não era normal, todas as vezes que eu passava algum tempo naquela casa eu o via vestindo roupas simples e confortáveis que sempre foi o que mais combinou com ele. 

Uma atmosfera caseira e extremamente aconchegante. Eu notei cada detalhe de seu terno, da bengala em sua mão e da cartola cobrindo sua cabeça calva. Ele parecia um daqueles senhores de filmes antigos, perfeitamente arrumado e adereçado. Isso com certeza não era normal apesar de eu ter apreciado bastante tal mudança. 

Foi então que eu entendi. Seus pés calçados naqueles sapatos engraxados e brilhantes vieram em minha direção lentamente, subindo a escada de pedra sem fazer barulho algum. Mirei cuidadosamente o rosto enrugado e doce daquele homem sorrindo pra mim e uma dor inexplicável tomou conta do meu peito, comecei a me sentir mal, um aperto imenso se formou dentro de mim. Eu queria sorrir também mas não conseguia. 

Queria retribuir aqueles olhos tão cálidos mas os meus só refletiam pânico, eu sentia que seria abandonada. Foi assim que da mesma forma silenciosa na qual apareceu, ele sumiu. O céu branco amarelado daquele dia calmo foi ficando cada vez mais brilhante e me cegou, até que eu vi meu avô sumir no meio da escada de pedra, em seus passos até mim. Quando tudo escureceu, eu já tinha me dado conta de que ele não estava mais comigo. E pensei na alegria que Papai do céu devia estar sentindo naquele momento, por ter aquele homem tão precioso ao seu lado agora.

Mysha Pepper (Retirado de seu blog com permissão)
http://www.tumblr.com/tumblelog/christwillremindus

Somente Fracassadas

Em primeiro lugar, SIM, eu desisti de fazer essa merda só para afogar minhas mágoas e sentimentos ruins. A partir de agora esse blog será feliz como o arco-íris. Ou não, né, enfim. E pra começar eu quero fazer um protesto em nome de todas as garotas dondocas que têm um terrível pesadelo psicodélico chamado: Cozinha. Então, se você é uma fracassada miserável de quinta categoria que nem eu quando está cozinhando, leia esse texto e sinta-se uma mestra cuca. Pior do que a titia aqui, não tem.  

Lembro-me perfeitamente do dia em que coloquei na cabeça que iria fazer um bolo. Estava toda feliz, serelepe avisando à minha querida mãezinha dos meus planos para o dia. Mal sabia eu que toda essa alegria escorreria ralo abaixo, ou melhor, forno abaixo. Peguei todos os ingredientes, juntei, misturei, fiz todo o processo necessário para chegar à massa final, o bolo parecia que iria sair impecável. Pus a porcaria na fôrma e levei ao forno. Quando estava tudo pronto e eu chequei as condições do bolo, pondo-o em cima do maldito balcão da cozinha, constatei que deveria virá-lo em um prato qualquer. Doce ilusão. E quem disse que aquela porcaria queria desgrudar da fôrma? Tentei, bati, sofri, pelejei e nada do bolo sair. Angustiada, abaixei a cabeça, me rendi e fiz a coisa mais humilhante que uma adolescente fracassada de 14 anos poderia fazer naquela situação: Chamei minha mãe pra ajudar. Foi tenso, mas ela conseguiu tirar a massa da fôrma. Ou pelo menos parte, né, já que ficou tudo em pedaços no prato.

A segunda vez foi mais idiota ainda. O menos mal foi que não fui idiota sozinha. Eu tinha tudo pra fazer o bolo, mas desta vez minha mãe estava na cozinha comigo, preparando outra comida. Peguei os ingredientes, juntei, e na hora de pôr as medidas, me falhou a memória em relação à quantidade de açúcar a ser posta. Perguntei à minha amada progenitora e a mesma, distraída, respondeu que seriam necessárias três xícaras do produto. Ainda fui me metendo à besta, refazendo a pergunta, mas a resposta continuou a mesma. Daí, já dá pra tirar a merda colossal que saiu, né? O bolo além de oleoso saiu mais doce do que eu-nem-te-conto-o-que. Nossa, se eu fosse diabética naquela época...

E a mais recente aconteceu essa semana. Acho que jamais esquecerei o fatídico dia em que minha progenitora não teve tempo de fazer o arroz e me pediu para fazê-lo. Tal fato fez-me lembrar que no ano anterior eu havia tido a oportunidade de presentear meus amigos com um almoço feito por mim, eu e minha exímia culinária, na casa de uma amiga. Obviamente foi um tremendo de um fracasso, o arroz virou papa. Aí vem minha mãe pedindo encarecidamente para que eu repetisse a operação. Foi triste, a porcaria do arroz virou papa de novo, ficou insosso e estufado. Nunca mais ponho um pé na cozinha, só se for pra lavar prato e olhe lá porque eu ainda enrolo muito.

Então se você leu isso e não achou nada demais... Filha, vá se tratar, você tem problemas!
Beijos.

Pai e Filha

Este vídeo (Pai e filha) ganhou o Oscar de Melhor Curta-Metragem em 2002, dirigido pelo holandês Michael Dudok de Wit (nascido em 1953, Abcoude, Países Baixos) é um animador, diretor e ilustrador.

É a história de todos nós, algumas vezes somos o pai, nas outras vezes somos a filha. O que vale mesmo é viver o papel que nos é dado com verdadeiro sacerdócio, para que arrependimentos não nos surpreendam no fim da nossa jornada na Terra e no inicio de nossa Grande Viagem.

Usando o movimento, o vai e vem das bicicletas ano após ano, descreve a ânsia de uma menina que vira seu pai perder-se no mar, sendo por muitos interpretado como uma metáfora, onde a despedida do pai não representa senão a sua morte. O reencontro dos dois deixa subentendida a morte da filha e a vida além disso. Com música de Normand Roger em colaboração com Denis Chartrand, e usando o tema "The Danube Waves" de Iosif Ivanivic, produzido pela CineTé Filmproductie bv e Cloudrunner Ltd, faz parte da Animation Show of the Shows.