Por que sou anarquista

Trecho da obra “The Conscience of an Anarchist: Why It’s Time to Say Goodbye to the State and Build a Free Society” (Cobden Press, 2011) de Gary Chartier.



Sou anarquista porque acredito que não existe um direito natural a governar. Acredito que as pessoas são iguais essencialmente em dignidade e valor, o que significa, por sua vez, que possuem igual status moral. Isso torna difícil justificar a outorga a alguns – os que governam no Estado e os que fazem cumprir as decisões dos governantes – de direitos que outros não possuem. E sou anarquista porque acredito que o Estado carece de legitimidade. Alguns argumentam que os governantes merecem ter mais direitos que aqueles que são governados porque seus “súditos” consentiram e continuam consentindo com sua autoridade. Porém, acredito que isso não foi feito.

Sou anarquista porque acredito que o Estado é desnecessário. Os estatistas frequentemente sustentam que a única forma de manter uma sociedade em paz é com o Estado. Eu estou em desacordo, tanto nos fundamentos teóricos como empíricos. Acredito que as instituições não-estatais podem oferecer os serviços que o Estado provê – mas de maneira eficiente e flexível; e há fortes evidências de que são capazes de fazê-lo. Além do mais, acredito que se o Estado tem o poder de fazer coisa boas, inclusive coisas muito boas, muito úteis e muito importantes, usará esse poder quase inevitavelmente de forma autoritária: usará o poder que tem para regular a vida das pessoas – inclusive para adquirir mais poder.

Sou anarquista porque o Estado inclina a balança a favor das elites privilegiadas e contra as pessoas comuns (contrariamente ao que te dirão os apologistas do “governo bom”, ele está desenhado precisamente para fazer isso). O Estado tende a promover ineficiências através de subsídios, monopóliospatentes, deveres e outros mecanismos que possibilitam as elites evitarem os custos reais do que fazem. Obriga as pessoas comuns a suportar os custos das decisões das elites e ajusta suas preferências e comportamentos para adaptar-se as maiorias conformadas. Acredito que uma sociedade sem Estado provavelmente fomentaria a eficiência e a produtividade mais que a nossa, e evitaria várias formas de hierarquia e exclusões que os Estados tendem a promover e proteger. Todo aquele preocupado com o poder dos ricos e das grandes empresas, a prosperidade das pessoas comuns e o bem-estar dos pobres e vulneráveis, deve dar um não contundente ao Estado.

Sou anarquista porque o Estado tende a ser destrutivo. Empreende guerras e saques, e parece persistentemente está envolvido em aumentar o nível de violência e injustiça entre fronteiras –  as quais são, consequentemente, elas mesmas criações estatais. Acredito que uma sociedade sem Estado teria muito menos violência em grande escala que a nossa.

Sou anarquista porque o Estado restringe a liberdade pessoal – como uma forma de manter a ordem, beneficiar os privilegiados, preservar seu poder, ou subsidiar as preferências moralistas de algumas pessoas. E existe uma conexão natural entre o poder estatal e e a imposição de limites a liberdade.

Sou anarquista porque quero uma sociedade caracterizada pela diversidade, pela busca e a experimentação, porque acredito que os Estados impõem conformismos e resistem a criatividade, e porque acredito que uma sociedade sem Estado proveria oportunidades as pessoas de buscarem diversas maneiras de terem suas vidas realizadas e prósperas, e de exibir os resultados dessas buscas.

Gary William Chartier é um jurista e professor de Direito e Ética Empresarial na "La Sierra University" (California, EUA). Autor do livro "Anarchy and Legal Order", é membro sênior do "Center for a Stateless Society (C4SS)" // Revisão e tradução de Adriel Santana.
[Fonte: http://www.libertarianismo.org/index.php/artigos/anarquista-2/]

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