A colheita do trigo no Israel antigo era marcada pela festa de Pentecostes, embora judaica o nome é grego, significa cinqüenta dias, que eram contados a partir da Páscoa. Era dia de santa convocação no qual nenhum trabalho manual poderia ser feito, exceto os da própria festa. Dia de júbilo e ações de graças pela abundante colheita, sinal da providência divina para a subsistência de Seu povo. Era a festa mais freqüentada, pois a época do ano propiciava viagens longas, o fluxo de pessoas em Jerusalém era maior até mesmo que na Páscoa.
Cinqüenta dias após a ressurreição de Jesus, que ocorreu na Páscoa e modificou para os cristãos o conceito da mesma, e dez dias após a sua ascensão; outro fato marcante na história da Igreja alterou o sentido de mais uma festa judaica: A descida do Epírito Santo, que ocorreu na festa de Pentecostes, daí o adjetivo Pentecostal para doutrinas ou costumes daqueles que enfatizam a manifestação do Espírito através de dons[Em grego o substantivo é charismata, e o adjetivo em português é carismático] e sinais, tais como línguas estrangeiras, curas, profecias. Pentecostes pra os cristãos significa presença divina no meio da Igreja, cumprimento da promesssa de Jesus de enviar outro Consolador para guiar sua Igreja e principalmente significa a unidade do Corpo de Cristo, ou pelo menos devera significar.
John Wesley, presbítero anglicano, um dos que mais influenciou as igrejas advindas da reforma em sua pregação, hinologia e principalmente na busca de santidade pessoal como decorrente de uma nova vida com Jesus, cria que a manifestação do Espírito levava o cristão à unidade: "... Se o teu coração é igual ao meu, dá-me a mão e meu irmão serás...".
Cabe-nos, portanto, às vésperas do Pentecostes, refletir sobre a ação do Espírito Santo: Unidade, ele veio para unir o corpo de Cristo. Numa época de tantas divisões em nome do Espirito, vem à tona a questão: Poderia o Espírito da Unidade, patrocinar divisões no Corpo de Cristo?
A busca por dons do Espírito não pode ofuscar a missão principal dele: Unir. É notório que a Igreja nunca foi uma túnica inconsútil, mas querer anunciar Jesus com Salvador, sem buscar a unidade dela é inútil, ou porque não dizer escândalo. Não há motivo algum que justifique as divisões na Igreja, ainda mais quando esses motivos são personalistas, são projetos pessoais de mesquinharia espiritual. Dilaceram mais uma vez o Corpo de Cristo, dividem-no, confundem-no, escandalizam. Ao contrapor os Frutos do Espírito com as Obras da Carne, Paulo fala aos Gálatas que uma dessas obras é a divisão, considera-a como carnal, pecado, jamais liga as divisões com o Espírito da Unidade. O mesmo Apóstolo Paulo, escrevendo aos Coríntios, adverte-os que: "... Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá...", o contexto desse texto é de divisão e cisma na Igreja, e não de suicídio, como pensam alguns. Paulo aqui sentencia que os divisonistas estão sob o juízo divino. Advertência assustadora!
A busca da unidade e as implicações que vêm juntas devem dominar todos os esforços cristãos. Como dizia Karl Barth: "... onde não há comunhão com os irmãos não pode haver comunhão com o Salvador..." O Espírito une, nada que divida e esfacele o Corpo pode vir do Espírito!
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