Viagens luxuosas com tudo pago, financiamento de candidatos e destruição política de parlamentares que incomodam. É assim que os grupos de lobby pró-Israel garantem o apoio de parte do Congresso americano ao país. As táticas pesadas combinam com o que está em jogo: Israel já recebeu mais de 157 bilhões de dólares dos EUA desde 1951 e depende de seu forte apoio diplomático e militar para continuar suas políticas, impopulares em grande parte do resto do mundo.
No primeiro episódio de “The Lobby – USA”, você viu como o governo israelense e grupos pró-Israel tentam minar o movimento pró-Palestina em uma universidade da Califórnia. Agora, o repórter infiltrado da Al Jazeera James Kleinfeld revela como o lobby israelense atua para garantir o apoio incondicional de parlamentares americanos a Israel.
“Os deputados e senadores não fazem nada, a menos que você os pressione. Eles empurram com a barriga, a não ser que você pressione. A única maneira de fazer isso é com dinheiro”, disse David Ochs, fundador da Ha Lev, organização que paga para enviar jovens para a conferência do Comitê Americano de Assuntos Públicos de Israel, conhecido como AIPAC.
Não estamos falando de pouca grana. A AIPAC é capaz de levantar centenas de milhares de dólares para políticos que atendam a seus interesses – o maior deles, garantir o apoio militar dos EUA a Israel. Mas não é só por meio do financiamento de parlamentares favoráveis ao estado israelense que o lobby garante a defesa de sua agenda no Congresso americano.
“Se você se tornar crítico em relação a Israel, você não apenas não receberá dinheiro, como a AIPAC fará de tudo para encontrar alguém para concorrer contra você e apoiar essa pessoa muito generosamente. O resultado final é que você provavelmente perderá seu mandato no Congresso”, detalhou John Mearsheimer, coautor do livro “O Lobby de Israel”.
Eric Gallagher, diretor da AIPAC entre 2010 e 2015, revelou que tudo o que a organização faz tem como objetivo influenciar o Congresso. “Você não pode influenciar diretamente o presidente dos Estados Unidos, mas o Congresso pode”, explicou, sem saber que estava sendo gravado.
O uso de “antissemitismo” para defender Israel
Na segunda parte deste episódio, o jornalista infiltrado mostra as investidas do lobby em prol de Israel contra mais estudantes americanos e a tentativa de ampliar o significado de antissemitismo para englobar toda e qualquer crítica ao estado de Israel e a seu governo.
Desta vez, o alvo é a Universidade de Tennessee, estado do sul dos EUA onde a população evangélica cresce rapidamente. Como no Brasil, os evangélicos americanos também têm um laço dúbio com Israel.
Por um lado, defendem o estado com unhas, dentes e dinheiro. Isso por acreditarem que, para Jesus voltar à Terra, os judeus devem estar no controle de Jerusalém. Por outro, propagam antissemitismo: reduzem a população judaica a mero instrumento para o retorno de Cristo e creem que, após cumprirem essa missão, os judeus ou se converterão ao cristianismo, ou serão “merecidamente” dizimados por serem judeus – e enviados para o inferno por toda a eternidade.
“Acho incrivelmente preocupante que, numa época em que vemos um aumento do verdadeiro antissemitismo às claras nos Estados Unidos, existam aqueles que afirmam: ‘Ah, sim, estamos tentando acabar com o antissemitismo’, quando o que eles estão realmente tentando fazer é acabar com a defesa dos direitos humanos palestinos”, resumiu o rabino Joseph Berman, parte da campanha Jewish Voice for Peace [Voz Judaica pela Paz], o grupo antissionista sediado em Washington D.C.
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