Tédio



Sempre entediado, nunca não entediado.
Nunca terminando nada que começa,
Sempre começando algo que nunca vai terminar,
Quando termina, o esforço para isso é titânico,
Parece que nada merece ser concluído.
Atrai as pessoas com a mesma força que as repele,
É por vezes tão cativante e simpático,
Tão doce em seu trato, faz da meiguice sua marca,
Mas é tão cruel e frio ao menor sinal de rejeição,
Mesmo que esta rejeição seja apenas delírio.
Ler um livro inteiro, ainda que um best-seller,
Pode exigir uma força hercúlea,
O que nem sempre tem, pode ter ou quer ter.
Ouvir uma peça musical completa,
Ainda que uma Sinfonia Angelical,
Pode se tornar uma batalha inclemente.
Inclemente porque dificilmente vencerá.
Mesmo um filme, ainda que cinéfilo inveterado,
Pode ser rejeitado e nunca mais ser visto,
Basta apenas que o momento não seja propício.
Ou talvez não baste nada mesmo.
Uma conversa pode de boa virar péssima,
Basta apenas uma vírgula mal colocada,
Basta apenas um milésimo de segundo de descuido,
Ainda que o interlocutor nem saiba o que disse,
Que causou tremendo afastamento e desinteresse.
Aquela amizade calorosa,
Pode virar uma relação esfriada,
Por um simples segundo de vazio e desinteresse,
E o amigo, nem sabe o que fez para isso,
Por que na verdade não fez nada mesmo.
Tédio que nasce do vazio dentro de si,
Tédio que serve para calar a angústia que grita.
Tédio que torna os beijos da mulher amada indesejados,
Tédio que faz com que os braços amados se tornem garras sufocantes.
Tédio em qualquer momento da vida,
Tédio até mesmo para morrer.

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