Por que prosperam os EUA?

No século passado o piedoso inglês, Martin Lloyd-Jones, clérigo presbiteriano, de larga fama por conta de sua competência profissional como médico de corpo e médico de almas, escreveu um livro sobre o Salmo 73(72) que se tornou um best-seller, decantado bastante também deste lado do Atlântico, o livro é fruto de uma observação acurada e de uma dependência do Espírito nas conclusões a que chega: Por que prosperam os ímpios?(Editora PES) Nele o autor analisa a vivência cúltica e litúrgica do poeta que compôs essa canção e atualiza-a para nossos dias. Tomo-o como leme ao escrever este artigo.

O que mais complica no salmo citado é: "... Para eles não existem tormentos, sua aparência é sadia e robusta(...) Não são molestados como outros. Daí a soberba, cingindo-os como colar, a violência, envolvendo como veste(...) seu coração transborda de maus projetos..." (Bíblia de Jerusalém) Onde o autor lamenta cantando uma verdadeira elegia, uma belíssima canção de tristeza, de luto, que eles, os impiedosos, não dependem de Deus para nada e vivem melhor do que os humildes e penitentes que se rendem aos pés d'Ele, crendo que a Sua providência basta para a sua subsistência. Lamenta isso e queixa-se diante de Deus. Boa coisa queixar-se a Deus e não se queixar de Deus. Ato contínuo ele diz que entrou no santuário divino e só então entendeu o destino deles, dos ímpios: "... De fato, tu os pões em ladeiras, tu os fazes cair, em ruínas...".

Deus soluciona o mistério: a aparente tranqüilidade advinda da riqueza e da opulência que tais nações ou pessoas possuem, é reflexo de um alçapão armado por Deus para reduzi-las ao pó. Garante que elas adormeçam e fiquem passivas, passividade e adormecimento. Tais riquezas não seriam, portanto, benefícios divinos, ou no dizer bíblico: Bênçãos Divinas.

Comparo esta terrível conclusão, com a posição ocupada hoje pelos EUA: encastelados por suas riquezas, intocáveis por suas armas, abastecidos por seus mananciais tecnológicos, é a terra que mana computadores e softwares, conduzidos com mão férrea por um político de sanidade duvidosa, que além de tudo é xenófobo, que procura justificar o seu imperialismo avassalador com frases bíblicas e com sua filiação a um credo religioso cristão, muito embora o credo não tenha culpa das insanidades dele, a Igreja Metodista a qual pertence é uma instituição séria, inclusive é contra a guerra. Ele renasce o Macartismo e o Destino Manifesto. Usa a tática da ameaça velada, da inibição, agora é a Síria que tem armas químicas.

Cadê as do Iraque? Será que os cientistas americanos ainda as estão forjando para poderem apresentar ao mundo? Terrorista da primeira hora!

São as cruzadas renascidas, só que essas não têm apoio de nenhum credo sério e sóbrio mundial. (Apenas teólogos do quilate de Max Lucado, John McArthur e Bob Jones o apóiam, se eu não os lia por achar que a teologia deles é enlatada, percebo agora que a ética e o compromisso cristão com a paz não ficam atrás. Dá vontade de perguntar: Quanto ganharam ou ganharão para isso? Boicotarei com muito prazer seus livros, primeiro porque os livros não são grande coisa, segundo porque eles precisam rever a fé e a ética, não são exemplos no momento para ninguém) A pilhagem que os pobres iraquianos começaram, não se compara com a que será promovida pelos EUA e seus aliados, ou melhor, vassalos e comensais.

Porém, essa tranqüila posição mundial que hoje desfruta os EUA, não seria uma armadilha? Não seria uma forma de sutilmente empurrá-los para a beira do precipício sem que eles percebam? Não seria o laço do passarinheiro? Não tenho muita dúvida quanto a isso. Deixemos pois que durmam!

O gigante opulento dorme de barriga cheia, roncando alto, sem sentir falta de nada, enquanto o laço se aperta nos seus pés. O texto diz que só podemos entender essas verdades, quando entramos no santuário divino. Todos os grandes impérios ruíram: assírio, babilônico, medo-persa, grego, romano, germânico, napoleônico, Terceiro Reich. Por que seria diferente com os EUA?

Diário de Pernambuco Edição de Sexta-Feira, 25 de Abril de 2003

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