Diário de um confinado (1º dia - II)


Por que um evangélico médio, aquele que não tem cargos na instituição eclesiástica que está inserido e nem recebe nenhuma renda da mesma, frequentaria os cultos ou reuniões em massa durante uma grave pandemia que põe em risco a integridade física e a existência dos que acomete?

É isso o que está sugerindo (não seria exigindo?) dois dos maiores "empreendedores" e "capitalistas" eclesiásticos do Brasil. Alcunhados por alguns como pastor e bispo, Silas Malafaia das Assembleias de Deus Vitória em Cristo e Edir Macedo da Igreja Universal do Reino de Deus. 

Não é de hoje que esses dois líderes se envolvem com polêmicas e defendem práticas que estão muito distantes do evangelho do Nazareno e do ramo protestante majoritário tradicional. Aliados de primeira hora de Jair Bolsonaro, fica até difícil entender quem está explorando quem, já que os três são mestres em fingir ser o que não são para conquistarem seus objetivos de poder e dominação. 

Após mais de 40 anos como evangélico, hoje bem distante desse ramo e tendo me tornado um crítico desse movimento na última década, tenho vergonha de dizer que já fui um militante da causa protestante e até mesmo pastor e professor de seminário. Mesmo que sempre tenha desprezado figuras como Malafaia, Macedo, Santiago, Feliciano e tantos outros (difícil é achar um para elogiar...), ainda assim me sinto desconfortável quando vejo os caminhos que estão sendo trilhados por uma ampla maioria de igrejas e líderes eclesiásticos.

A resistência da dupla se deve mais à briga por espaço e poder que à teologia e crença que tenham. O medo desses dois é de que as pessoas deixem de contribuir em suas instituições e guardem o dinheiro ou mesmo gastem com coisas mais úteis. Quem fica em casa não dá dinheiro para igreja ou pastor, gasta com comida. Algo que esse dois não querem, precisam de dinheiro para alimentar suas redes de poder e influência.

Há muito que tenho chamado o Edir Macedo de adorador de Mamom (Mamom é um termo que aparece na Bíblia para se referir a bens terrenos. A palavra Mamom é uma transliteração do aramaico mamon e significa literalmente “dinheiro” ou “riqueza”.) e Silas Malafaia de homem de Belial (Belial é uma palavra de origem hebraica que aparece em algumas passagens bíblicas, principalmente na expressão “filhos de Belial”. No livro de Provérbios 6:12, o termo Belial é igualado ao hebraico ‘awen na expressão “homem de Belial”, cuja tradução frequentemente significa “iniquidade“, ou seja, “homem de Belial” equivale a “homem perverso”, “homem mau” ou “homem iníquo”.) pela busca desenfreada por poder, riqueza e influência que empreendem.

Guarde seu dinheiro, não apenas agora, mas sempre, Deus não precisa de nenhum centavo teu, não deixe que discurso de milionários, que enriqueceram às custas do povo ingênuo te façam continuar sustentando a vida de luxo e ostentação desses canalhas charlatães. Malafaia há muito tempo trocou o púlpito pela militância política, distanciando-se cada vez mais do perfil que se espera de um pastor, até quando você ainda vai chamar e tratar um impostor por "homem de Deus"?

Já fui por muitos anos dizimista, há muito tempo que direciono a minha renda para outras coisas, inclusive poupança para o futuro incerto, e nem por isso estou "amaldiçoado", como esses vermes vorazes apregoam todos os dias, causando pânico nas pessoas ingênuas.

Cada um faz o que a sua consciência e conhecimento permitem, a minha manda desligar a TV, guardar meu dinheiro para as necessidades futuras e hidratar minha mente com o que é sadio e edifica. Coisa que esses dois e outros tantos não são capazes de fazer. Não troque de canal (Globo por Record), desligue a TV e vá viver, vá ler a Bíblia ou um livro e conversar com seus familiares, vocês ganham muito mais com isso.

Chega um momento em que devemos escolher entre viver a vida que os outros querem que vivamos ou viver a vida para qual nascemos. É uma questão de escolha. 

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