Uma questão de ética!


No último domingo (16) cheguei do trabalho em casa depois das 21h00, estava cansado demais, depois de um fim de semana exaustivo, no qual tive que acompanhar um inventário para o novo ERP da empresa, minha cabeça só tinha marcas e medidas de pneus e pesos de bandas de rodagem. Liguei o computador, fui tomar um banho, quando de volta me sentei defronte ao mesmo, com uma bela xícara de café (Segunda seria feriado, não precisava acordar cedo!) e acessei a web, de chofre me veio o Gerenciador de atualizações do Ubuntu com uma mensagem que me pegou de surpresa, não deveria, mas me surpreendeu: Nova versão do Ubuntu '11.10' (também chamada de Oneiric Ocelot), está disponível, foi-se embora o cansaço! A surpresa se deu porque, por estar muito atarefado profissionalmente, eu havia esquecido completamente que em outubro sairia uma nova versão. È a segunda vez esse ano que vejo esta mensagem, a primeira foi em Abril. Demorou cerca de 01 (uma) hora para efetuar o download, minha conexão wirelless não estava muito boa. Já estou desfrutando da nova versão, com toda a interatividade inigualável de sua parte gráfica. 

Não vou fazer aqui apologia ao uso do Linux e nem vou discutir aspectos técnicos que me levaram a sair da Matrix e abandonar o Windows e optar pelo Linux, mais especificamente pela Distribuição Ubuntu, quero antes, ressaltar a real razão que me levou a abrir as janelas e deixar que outras brisas adentrem o ambiente.

Vou começar citando o Arcebispo Desmond Tutu, que dispensa comentários, e que, como eu, é anglicano, ele escreveu em Nenhum Futuro Sem Perdão (No Future Without Forgiveness) que: “Uma pessoa com Ubuntu está aberta e disponível aos outros, assegurada pelos outros, não se sente intimidada que os outros sejam capazes e bons, para ele ou ela ter própria auto-confiança que vem do conhecimento que ele ou ela tem o seu próprio lugar no grande todo”. Esta filosofia de vida, conceito sul-africano, é a razão de ser desta distro. Em outras palavas Ubuntu é "humanidade com os outros" ou "sou o que sou pelo que nós somos".

Ubuntu é um sistema operacional de código aberto construído em cima do núcleo Linux baseado no Debian, sendo o sistema de código aberto mais popular do mundo. A Fundação Ubuntu (8 de julho de 2005) foi criada por Mark Shuttleworth e pela Canonical Ltd que providenciaram um aporte inicial de US$ 10 milhões. Shuttleworth (Welkom, 18 de setembro de 1973) é um programador de computadores sul-africano que se tornou milionário depois de vender sua empresa de segurança de Internet, a Thawte, para a Verisign. Em 2002 tornou-se o primeiro sul-africano a ir ao espaço, lançado na nave russa Soyuz TM-34, pagando 20 milhões de dólares pela aventura, e entrando para a história como o segundo turista espacial, depois do empresário norte-americano Dennis Tito. Após sua aventura espacial fundou a Canonical Ltd, responsável pelas distribuições Ubuntu, Kubuntu, Edubuntu, Xubuntu e Lubuntu, todas derivadas do Debian.

A fundação apoia o desenvolvimento de todas as versões posteriores à 5.10. O Ubuntu é lançado semestralmente, em Abril e Outubro, por isso que as versões são disponibilizadas com a terminação 10 ou quatro, que é o mês do lançamento, os dois primeiros dígitos são do ano de lançamento. Disponibiliza ainda, suporte técnico gratuito nos dezoito meses seguintes ao lançamento de cada versão. A proposta do Ubuntu é oferecer um sistema que qualquer pessoa possa utilizar sem dificuldades, independentemente de nacionalidade, nível de conhecimento ou limitações físicas. O sistema será sempre gratuito e livre, isento de qualquer taxa. Não há distinção na Comunidade Ubuntu entre novatos ou veteranos; a informação deve ser compartilhada para que se possa ajudar quem quer que seja, independentemente do nível de dificuldade. Nós, os fãs do Ubuntu somos conhecidos como ubuntistas, ubunteiros ou ubunteros.

Com base nisso eu fico aqui me indagando: por que será que mesmo tendo uma plataforma operacional gratuita, extremamente eficiente e interativa, com o código livre, ainda existem pessoas que insistem em usar o WindowsTM de forma ilegal? Por que será que alguns cristãos que são tão veementes em sua defesa da ortodoxia, conservadores e fundamentalistas, defensores incontestes da moral, dos bons costumes utilizam softwares piratas em seus computadores pessoais e ainda usam programas que quebram senhas para poderem utilizar-se do Windows Update?

Por que ao invés de revolucionarmos o mundo com nosso dogma, por que não revolucionamos os nossos pequenos hábitos que são tão nocivos e ilegais? O que diremos para nossos filhos quando nos perguntarem a razão de usarmos programas piratas em nossos computadores? Que eficácia nossas palavras terão sobre as pessoas próximas a nós, que sabem que usamos cópias ilegais de programas de computador, quando as conclamamos a serem íntegras? O que dizer de igrejas que têm nas secretarias e departamentos computadores instalados com cópias ilegais? Uma vez fiz essa pergunta numa aula na faculdade, um aluno me disse que os programas eram muito caros, por isso pirateava, eu então perguntei e o que eu faço, já que não posso comprar um carro importado para mim, acho o preço abusivo, roubo um? Ele ficou calado!

Alguém vai me dizer que estou sendo radical e que não é bem assim! Bom, vi um debate tão grande nos últimos meses sobre homofobia, homofilia, homossexualidade e outros temas correlatos, foram temas abordados por pessoas que não veem problema algum em ter instalado em sua máquina um programa que ele copiou de alguém, ou da web, sem pagar os devidos direitos autorais, mas que acham que podem exercer juízo de valor sobre o comportamento de outrem. Balança desigual é o que Deus chama isso (Vide Provérbios 11).

Não uso o sistema operacional da Microsoft por conta de dois grandes motivos, primeiro porque tenho uma opção pela ética, pela honestidade e pela coerência, não utilizo programas piratas em meu computador pessoal e segundo porque não gosto de controle sobre mim e nem sobre o meu computador, ainda que possa usar uma cópia legal do Windows, ainda assim não usaria, a plataforma em si, com toda a interação que ela permite, exerce um controle sobre o usuário que este não se dá conta.

Será que não precisamos rever os nossos conceitos de integridade e ética?

[Para os que quiserem sair da Matrix e optar pela ética, segue link para download do sistema gratuito e legal: http://www.ubuntu.com/download/ubuntu/download].

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